
Universidade
Mandume Yandemufayo
Faculdade
de direito
Tema: O Papel das Autoridades Tradicionais na localidade
dos Nyaneka Humbe em Angola

Autor: Luciano Wombili Daniel
Índice
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O Papel das Autoridades Tradicionais na localidade dos Nyaneka
Humbe em Angola*.
por
Luciano Wombili Daniel
Estudante do 4º ano FDUMN
O estudo do papel das autoridades tradicionais nos processos
sociais em África e, nomeadamente nos processos de transição para democracia, é
hoje um assunto consensual entre africanistas, e existem numerosos trabalhos
sobre o tema. No entanto, este tema tem sido relativamente negligenciado no que
se refere aos PALOPs, sobretudo ao nível de estudos científicos. No caso de Angola,
o debate começou a ganhar alguma importância a partir da aprovação da
constituição de 5 de Fevereiro de 2010, sobretudo devido às eleições autárquicas,
que como se sabe ainda não se realizaram (prevista para 2014). O debate no
entanto não tem assumido um grande carácter científico, e são ainda muito
escassos os trabalhos de campo sobre a matéria. Sobre esta matéria falarei um
pouco mais tarde.
No nosso caso, o interesse
pelo tema vem do trabalho de campo,
efectuado na localidade dos Gambos e em algumas zonas da Humpata , província da
Huila, com incentivo do Dr., Pedro Luis Docente da Faculdade De Direito da
Universidade Mandume Ya Ndemufayo. Esse trabalho, intitulado “O papel das
autoridades tradicionais Nos Nyaneka Humbe”, pretendia analisar quais as
principais dinâmicas sociais que ocorreram neste povo , depois da independência
e depois do nosso pais alcançar a paz em 2002. Ao estudar esse processo era
inevitável que algumas categorias sociais viessem a ocupar um lugar
significativo, nomeadamente as autoridades tradicionais, em face do lugar
social e político que detinham, e detêm, nas sociedades rurais. Retomaremos
essas questões mais adiante. Agora convém determo-nos um pouco sobre um certo
enquadramento teórico geral dado à questão das autoridades tradicionais em
África.
Convém desde logo definir o que se entende aqui por autoridades
tradicionais. Assim, uso o conceito no sentido de designar “os grupos ou
indivíduos investidos de um poder legal institucionalizado, político ou outro,
aceite pela sociedade”. O conceito prende-se então essencialmente com “as
instituições de poder pré-coloniais, e não tanto com os indivíduos que executam
essas funções. Estes podem ter sido substituídos, ou não, pelo sistema colonial
e pelos estados independentes, no entanto, as instituições mantiveram-se, e não
perderam legitimidade política”.
Alguns autores (por exemplo Rouveroy van Nieuwaal) têm salientado
o lugar das autoridades tradicionais, enquanto “pontes” entre o estado
contemporâneo e a sociedade civil, sobretudo nas áreas da democratização das
estruturas políticas locais, do desenvolvimento; dos direitos humanos; e da
protecção ambiental. A ideia a salientar é a de que as autoridades tradicionais
têm reemergido, nos actuais processos de transição para a democracia em África,
devido à ineficácia, ou incapacidade dos estados, e que, nesse sentido, as
autoridades tradicionais têm funcionado como veículos privilegiados das
expressões políticas locais. Tal seria uma resultante do facto de que a
legitimidade política das autoridades tradicionais deriva de sistemas de
legitimidade política diferentes das dos actores estatais modernos, e seria
melhor aceite pelas populações locais. Refiro-me à legitimidade resultante da
tradição.
Por outro lado, as autoridades tradicionais mantêm relações
políticas e económicas com as estruturas estatais, e em muitos casos detêm
mesmo lugares de estado. Nesse sentido, pode então afirmar-se que as autoridades
tradicionais estariam assim encrostadas entre dois sistemas políticos com
legitimidades diferentes. Isto revelaria a dupla natureza do lugar político das
autoridades tradicionais. Por um lado, a legitimidade tradicional, por outro a
ligação aos estados modernos.
Esta questão não é nova, pois já vem desde o tempo colonial. Na
verdade, o colonialismo, fosse qual fosse o modelo, utilizou as autoridades
tradicionais enquanto auxiliares preciosos, no controlo da mão-de-obra, na
introdução das produções comerciais, na recolha de impostos, e na manutenção da
ordem social. Às autoridades tradicionais foram-lhes concedidas lugares no
aparelho administrativo colonial, o que levou Von Trotha a apelidar as
chefaturas como “chefaturas administrativas”. As autoridades tradicionais
actuariam então como intermediários entre o estado (colonial e pós-independente)
e as comunidades locais, o que em certo sentido demonstra a incapacidade dos
Estados em penetrarem nas comunidades locais africanas.
Mas este lugar de
intermediários coloca problemas graves às autoridades tradicionais, e pode
afirmar-se que se trata de um lugar social de extrema ambiguidade. Isto
relaciona-se com o que John Lonsdale
definiu como political accountability. Este conceito define o modo como
se relacionam subordinados e subordinantes. A legitimidade do poder político
jogasse na definição das responsabilidades atribuídas aos chefes e na noção de
accountability, isto é, na obrigatoriedade moral destes em cumprirem com essas
mesmas responsabilidades. Nesse sentido, political accountability refere-se a
um processo relacional pelo qual o poder político se enquadra dentro de certos
limites considerados aceitáveis pela comunidade. Excessos de poder podiam
resultar na perca de legitimidade política dos chefes. Assim, a ambiguidade do
lugar das autoridades tradicionais encontra-se no facto de terem
responsabilidades para com dois sistemas políticos diferentes, (o do estado
colonial e pós-colonial e o das sociedades locais), com interesses por vezes
antagónicos. Utilizando, heuristicamente o modelo da articulação de modos de
produção, diríamos que as autoridades tradicionais desde o colonialismo que se
encontram na plataforma articulacional entre dois modos políticos diferentes.
O
colonialismo marca assim, um momento de mudança nos sistemas de “political
accountability” das autoridades tradicionais por relação ao período
pré-colonial. No entanto, a minha tese é a de que o colonialismo influiu menos
nas estruturas de poder tradicional, por interesse próprio da sua reprodução
material, do que os estados independentes. Pode assim adiantar-se que o sistema
colonial teve uma grande ambivalência para com as estruturas políticas
pré-coloniais, que se resumiram em dois grandes processos: por um lado houve a
desestruturação do modelo das relações políticas pré-coloniais, através da
sedimentação identitária de grupos sociais, agora confinados a um espaço
geográfico preciso, definido em termos de classificação étnica, e submetidos a
uma organização administrativa e política única, a do Estado colonial. Neste
caso, as autoridades políticas pré-coloniais, igualmente submetidas a esse novo
poder exógeno, perderam partes significativas dos seus anteriores atributos
políticos, como por exemplo o de decidirem sobre a guerra e a paz, sobre a vida
e a morte dos seus súbditos, ou sobre a extracção arbitrária de endas. Noutro
sentido, e fosse qual fosse o modelo da relação adoptada pelo colonialismo face
às sociedades pré-coloniais, os Estados coloniais utilizaram as autoridades
pré-coloniais como auxiliares do processo de dominação político-administrativa,
preservando algumas das suas anteriores funções, precisamente aquelas que
correspondiam às necessidades do aparelho colonial.
A ambiguidade da situação das autoridades
pré-coloniais no contexto colonial, advém em parte da própria ambiguidade da
sua legitimidade política face às populações à sua responsabilidade. Se por um
lado, perderam poder com a imersão numa estrutura exógena, por outro lado,
puderam usufruir de um aparelho de dominação mais poderoso e rico, e retirar
assim benefícios económicos e sociais, e ao mesmo tempo sedimentar o seu poder
face a grupos, ou indivíduos, anteriormente recalcitrantes. Pode assim
concluir-se que, apesar do colonialismo ter apresentado uma fractura no sistema
de “political accountability” das sociedades pré-coloniais, esta não impediu a
preservação/continuidade das estruturas políticas pré-coloniais, segundo
modelos bastante diferenciados, de colónia para colónia, e de região para
região. No entanto, a dessacralização parcial do poder tradicional, como
consequência da penetração colonial, e mesmo sob os efeitos da cristianização,
constituiu um factor primordial na perca de alguma legitimidade das autoridades
pré-coloniais.
No processo de desenvolvimento, intentado pelos
estados independentes, que conjugava, simultaneamente, a ideia de criar um
tecido económico moderno, e ao mesmo tempo, num outro plano, bem entendido,
consolidar uma ideia de Estado-Nação, herdada da Europa, as estruturas de poder
tradicional, aparecem concebidas como o grande entrave. Na luta pela
modernidade e pelo desenvolvimento, as autoridades tradicionais eram olhadas
como símbolos de um regime feudal, retrógrado, tradicional, e bastas vezes como
tendo sido aliadas do sistema colonial. Nesse sentido, as autoridades
tradicionais eram encaradas, pelos novos dirigentes, de uma forma ambígua, que
reflectia as contradições existentes entre os dois grupos, desde o
colonialismo. A relação entre ambos, após a independência, assumiu formas muito
diversas, desde uma certa integração no sistema político até a tentativa de
exclusão completa, como no caso angolano.
O caso angolano enquadra-se nos vários aspectos que foram abordados
anteriormente. O estado tentou enquadrar a população rural angolana, num vasto
projecto de desenvolvimento rural, assente na implementação de estruturas
produtivas colectivas “socialistas”. As transformações impostas por esse
processo nos modelos de reprodução social das sociedades camponesas tiveram
como consequência a desestruturação dos sistemas de produção, principalmente da
produção familiar, que constituía a base da produção nos meios rurais.
Não foi apenas o sistema de produção camponês que foi afectado
pelo projecto de socialização rural. Com a introdução desse projecto, o Estado
socialista visou igualmente a desestruturação de todo o edifício político
tradicional, o que conduziu ao aparecimento de processos de diferenciação
social, motivados pelo desigual acesso a bens de produção, nomeadamente a
terra, e a posições de influência dentro do aparelho de estado, nomeadamente
nas cooperativas e nos Grupos Dinamizadores, que teriam alterado a relação
política entre grupos domésticos e linhagens.
Nesse novo processo de desigualdade social emergente no universo
rural, foram as autoridades tradicionais quem mais saiu a perder, em relação à
posição social que ocupavam no final do colonialismo. Esse processo iniciou-se
logo depois da independência. O projecto de sociedade preconizado pela constituição
de 1979, pretendia constituir uma profunda ruptura com o modelo de
desenvolvimento capitalista e com as estruturas sociopolíticas herdadas do
colonialismo. Neste âmbito, as autoridades tradicionais eram simultaneamente
encaradas como aliados/símbolos do passado colonial, e sinónimas de um regime
do tipo feudal, tradicional, tribal, opressor do povo, e um entrave à
construção de um projecto de sociedade moderno e nacional. Na construção de uma
nova sociedade e de um “homem novo”, os modelos tradicionais de autoridade
foram institucionalmente abolidos, e os seus detentores foram marginalizados,
perseguidos, e mesmo eliminados fisicamente.
Esta “aversão” da ideologia
socialista às autoridades tradicionais tem de ser igualmente vista em duas
outras vertentes, uma histórica e outra político-económica. Na primeira há que
sublinhar que este combate entre “modernistas” e “tradicionalistas” faz parte
da própria génese do movimento, ao tempo da luta armada de libertação, e
constituiu mesmo um ponto de ruptura, entre as alas revolucionária ( MPLA e
UNITA) . Em segundo lugar, a eliminação das autoridades tradicionais, assim
como de outros homens importantes no meio rural (“big men”, no sentido de
homens ricos e poderosos), representava para o Estado- socialista
simultaneamente: a eliminação de um “inimigo” político que pudesse entravar o
processo de socialização rural; e a eliminação de um grupo com pretensões
económicas, que poderia retirar vantagens da saída dos colonos portugueses, e
estabelecer-se como intermediário privilegiado nas zonas rurais.
Estas transformações sociais impostas pelo Estado-socialista,
estariam na base dos conflitos de interesse entre o Estado-socialista e as
populações camponesas, como consequência da aglomeração obrigatória em aldeias
comunais, da desarticulação do sistema produtivo familiar, da marginalização
política a que as autoridades tradicionais foram sujeitas após a independência,
e da desestruturação do seu universo mágicoreligioso. A UNITA teria sido a
grande beneficiada por estes conflitos, pois soube capitalizar em seu favor o
descontentamento camponês, e integrar na sua organização as autoridades tradicionais
marginalizadas pelo Estado socialista.
No caso das comunidades Nyaneka Humbi, do sudoeste do país,
não se pode afirmar que o modelo da relação com o Estado-socialista tenha sido
muito diferente de outras regiões do país. A massiva adesão dessas comunidades
à Renamo, bem expressa nas eleições de 1994, apresenta características
semelhantes ao que foi exposto nos parágrafos anteriores. Por todo lado os mambos
(régulo), chefes de povoação e sagutas (chefes de bairro) foram
proibidos de exercerem qualquer actividade política; os nharape, chiremba,
beze e nhamussoro (diferentes tipos de personagens
mágico-religiosas), foram perseguidos e impedidos de actuarem; os cultos dos
antepassados -mbhambha - e da chuva foram sancionados. Estas categorias
sociais foram as que mais resistências ofereceram à Frelimo, e o seu exemplo
teve grande peso nas opções estratégicas de “fuga” ao Estado, seguidas por
outros grupos domésticos.
A forte reacção das comunidades Nyaneka Humbi ao projecto
social do Estado-socialista, apresenta, contudo, alguns traços específicos em
relação a outros exemplos nacionais. Assim, podem distinguir-se duas ordens de
factores: históricos e conjunturais. Os primeiros reportam-se à conflituosidade
existente entre as comunidades Nyaneka Humbi e as comunidades hereros,
desde o tempo das invasões angunes, no final do século XIX. Para os vaNyaneka
Humbi, o Estado-socialista representava, não só uma terceira colonização,
mas sobretudo uma segunda colonização imposta pelos povos do Norte – O MPLA sempre
foi considerada como sendo dominada pela etnia ovimbundo -, de modo que a
desarticulação da estrutura política e religiosa Nyaneka Humbi, depois
da independência, foi ressentida como se tratasse de um “ataque” das etnias do
Norte. Os segundos, prendem-se com a área geográfica onde vivem os vanyaneka
humbi. A sua proximidade em relação ao Namibe, e consequentemente com os
hereros da Namíbia e a sua ligação a grupos Cuamatos e ereros Namibianos,
fez dos vanyaneka humbi angolanos um grupo privilegiado da propaganda do
fascismo sul africano anti-socialismo contra o estado moderno angolano.
A relação do Estado-socialista para com as autoridades
tradicionais mudou significativamente, do ponto de vista formal, a partir do 2º
Congresso, realizado em 1989. Nele, o estado- socialista acabou por reconhecer
a importância das estruturas tradicionais na capitalização dos
descontentamentos populares, sobretudo no meio rural, e da consequente aprovação
da revisão constitucional de 1991, e
decidiu-se por uma nova estratégia de integração dessas estruturas no aparelho
estatal. Significava então o reconhecimento de que as instituições
tradicionais, políticas e religiosas, se tinham mantido operantes, mesmo contra
a vontade estatal.
Essa integração, no
entanto, tem-se revelado extremamente problemática, e bastante incompleta, a
propósito da província da Huila, a influência das autoridades tradicionais tem
vindo a crescer, sobretudo em alguns Municipios, comunas e bairros nos quais as
estruturas estatais são incapazes de assegurar um mínimo de organização. A
influência de alguns chefes, junto dos administradores estatais é grande, e têm
vindo a reclamar um papel cada vez mais activo na recolha de impostos, na
organização do trabalho comunitário (sobretudo nas infra-estruturas), e na
resolução de disputas várias entre membros da localidade. Com o fim da guerra,
e da pressão militar, as autoridades tradicionais tornaram-se mais autónomas e
exigentes em relação ao próprio estado. E também relata-se um crescente
mal-estar entre algumas autoridades tradicionais e funcionários estatais em
torno de conflitos relacionados com posse da terra. Caso idêntico se verifica,
sobretudo no município de Caculuvale da provincia do Cunene.
Uma achega à integração institucional das autoridades tradicionais
foi dada pela constituição de Fevereiro de 2010, que prevê um papel importante
para ser atribuído às autoridades tradicionais, conjuntamente com as
instituições distritais estatais.
Para as autoridades tradicionais, contudo, pode afirmar-se que o
seu ponto de referência se conjuga, simultaneamente, ao nível das funções que
detinham no aparelho estatal colonial, nomeadamente na recolha de impostos e na
organização do trabalho. E, em algumas funções da época pré-colonial, tais como
a resolução de conflitos vários, a representatividade política e simbólica da
comunidade e a organização de rituais.
É interessante notar, a
este respeito, algumas das exigências feitas pelas autoridades tradicionais,
para executarem o seu trabalho: salário; farda; bandeira nacional na sua casa;
e uma prisão nas suas circunscrições.
No que diz respeito à questão das autoridades tradicionais em Angola,
e do seu papel no actual processo político o campo de questões é bastante
variado e complexo, como aliás o demonstra o apaixonado debate que tem existido
ultimamente. Nesse debate poderíamos alinhavar duas correntes principais: a dos
defensores e a dos detractores. Para os primeiros, a reposição das autoridades
tradicionais seria uma forma de manter a ordem social, uma vez que estas
autoridades são amplamente reconhecidas e legitimadas pelas comunidades em que
se inserem. Para os segundos, romantizar, rousseacizar os ‘chefes
tradicionais’ ou as ‘autoridades tradicionais’, fazer a apologia do
agenciamento cultural e da monotorização da ‘ordem social’ que eles podem jogar
hoje na modernidade em curso neste país, nada disso é, certamente, estrangeiro
a uma defesa consciente do conservadorismo e a uma estranha reverência por um
certo tipo de passado, o colonial, que o estado, pelo menos ao nível do seu
bloco revolucionário, tentou subverter.”
Estas posições extremadas diria, mais não
revelam do que a extrema ambiguidade de que são objecto as autoridades
tradicionais no actual contexto angolano. O que leva a que, ambos tenham
necessariamente razão, e ambos estejam errados. As autoridades tradicionais não
são, de per si, nem garantes da ordem social, nem símbolos de uma
sociedade tradicional, feudal e retrógrada. Pelo contrário, elas manipulam
alguns aspectos tradicionais, enquanto marcas legitimadoras da sua autoridade,
mas utilizam igualmente veículos modernizantes, como os partidos políticos, ou
os projectos de desenvolvimento, para sedimentarem o seu poder.
Aliás, penso que se pode adiantar, em jeito de conclusão, de que
a legitimidade política actual das autoridades tradicionais está no facto de
ocuparem um lugar de charneira entre o Estado e a sociedade rural, entre os
valores da modernidade e os da tradição, entre a necessidade de uma
identificação nacional e a constante emergência de identificações parciais
(étnicas ou outras).
Colocada assim a questão, importa ver como é que as autoridades
tradicionais, no nosso caso específico as autoridades tradicionais vanyaneka humbi,
manipulam em seu favor os dados da questão - tradição, modernidade,
identificação étnica, regional ou outra - numa constante luta pela
aquisição/manutenção do poder político, sobretudo ao nível local.
Num momento em
que descentralizar é a palavra-chave no contexto angolano actual, importa
saber, por exemplo, como é que o poder político local, eleito democraticamente,
(autarquia Local) se vai equilibrar com o poder das autoridades tradicionais?
Por princípio antagónico do primeiro. Ou, como as autoridades tradicionais
jogam localmente com as estruturas dos partidos políticos?
PARABENS PELA INICIATIVA, GOSTEI.
ResponderExcluirSOU ESTUDANTE DA UAN
Good history for our Country and iam very happy, and i intend to know more about our county.
ResponderExcluirBut i shall be always interrested to consult all the time thi site, so that i get more information. Thank you very much...